terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Estalos e Contornos

O fim do ano se aproxima. Talvez até o fim dos tempos.
Mas, para mim é só o início.
Desço as escadas que têm cheiro de urina e me sento. 
O calor da chama do isqueiro aquece minhas mãos e a ponta do nariz.
Acendo o último cigarro de um dia bom.
Ouço os estalos do tabaco, do papel e das inúmeras substâncias tóxicas se queimando.
Passa um curta-metragem em minha mente. Aqueles momentos que passaram há tempo suficiente de se ter saudade, mas ainda não tanto a ponto de parecerem distantes vêem à tona na lembrança.
Fumo mais este último cigarro como uma ode ao tempo que passou tão rapidamente e ao que vêm chegando, já delineando seus contornos.
Solto os às vezes longos, às vezes curtos tragos com a esperança de que esses contornos se tornem um belo quadro que vou admirar com alegria depois de se passarem anos de sua conclusão.
Junto da pressão arterial, caem as preocupações. 
Subo o morro alegre, pensando em textos e ideias, assim como cresce a esperança de que o que vem é bom. 
Me deito e não me atormento com ideias erradas. Ao menos essa noite, apesar do calor, dormirei sozinho e tranquilo.  

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